sábado, 15 de novembro de 2008

Sou Uma Vaca Sem Badalo


Daquela noite, a imagem que não sai da minha cabeça é a dos nossos corpos nus, deitados no sofá branco, um de frente para o outro e conversávamos suavemente, ríamos, cansados e ainda excitados. Essa é a imagem mais doce de uma noite que começou num café próximo a minha casa, duas horas de conversa, um passeio no carro dele pela orla e o meu convite:

- Nós vamos ficar dando voltas pela cidade? ... Quer ir lá em casa?
- Podemos...

E fomos nos descobrindo por quase todos os comodos da casa... Aquele homem lindo, com um sorriso doce e infantil, um corpo perfeito. Um safado! Sim , pra variar um pouco, ele tem 27 anos e a cinco "namora" um cara. Uma relação segundo ele "aberta". Eu o conheci pela net. Ele me descobriu e começamos a conversar... Um papo bom, sem baixarias... Tudo que um carente como eu precisava. Como não estou podendo dispensar, peguei e dancei.
E agora não me sai da cabeça essa história de ser uma vaca sem badalo. Li isso no livro Conversas com Almodóvar, essa expressão está no filme A Flôr do Meu Segredo e ele usou com a personagem de Marisa Paredes. Na verdade a mãe do Almodóvar utilizava essa expressão para se referir a ele. Ser uma vaca sem badalo significa estar perdido, sem que ninguém lhe preste atenção. E é assim q me sinto agora, principalmente nesta época que se aproxima. Sempre amei e odiei o Natal. Gosto da festa, mas ela é seletiva. O Natal parece ser uma festa apenas para quem tem família e me deprime andar por ruas que gritam na minha cara:

- O Natal está chegando e não é pra vc!

Por ironia do destino, ou sacanagem mesmo, tenho que montar uma decoração de Natal por causa de trabalho e sabe que isso me dá prazer? Curto criar uma decoração, comprar as coisas, mas me entristece saber que no real aquilo não é pra mim.

E aí entendo por que não me sai da cabeça a imagem daquele homem lindo, jovem, doce e másculo deitado no sofá. Essas coisas ainda me surpreendem!Um cara que eu conhecia virtualmente, torna-se real e em algumas horas me faço nu a sua frente. Completamente nu.

Quase uma da manhã e nós dois abraçados ao lado da porta, eu digo:

- Eu literalmente me aproveitei de vc!

Ele ri

- Sabe de uma coisa?
- O que?
- Eu não gostei de vc.
- Por que?

Ele ri. Eu respondo:

- Porque eu gostei de vc!

Nos beijamos uma última vez e ele se vai. Fecho a porta atrás dele e no rádio The killers canta:

Are we human?
Or are we dancers?
My sign is vital
My hands are cold
And I'm on my knees
Looking for the answers




2 comentários:

Jôka P. disse...

Cassio, tudo bem ?
Como vai a vida ? Gosto muito da forma que escreve, coloquial e sensível. Sempre curti, eu era o "seguidor número um" de seu antigo blog, infelizmente deletado.
Sabe que comecei o meu blog muito inspirado em você, só que sem copiar, nem poderia, não escrevo assim tão bem.
Sinto falta de posts mais freqüentes, mas não veja isso como umas pressão, tá !
Estou sempre passando aqui, e fico feliz quando você vem dar um alô.
Não some de novo, tá.

Jôka P. disse...

FELIZ NATAL, Cassio !
Tudo de bom pra você !